Povo ou Massa? Estado Democrático ou Tirania?
PAPA PIO XII
A opinião pública brasileira toma decisões sobre temas que desconhece. As recentes eleições presidenciais são exemplos. A agenda imposta não satisfazia aos interesses da opinião católica. Momentaneamente a opinião católica impôs a sua agenda, aliás, descolada de amplos setores da Hierarquia, que permaneceu calada. Temas como o aborto no debate foi imposto pela reação de base. A existência de um agente externo que molda a opinião publica sem que haja debates de valores indica o modelo desejado. Como e porque uma opinião publica constituída de católicos se torna refém deste modelo? O Papa Pio XII na sua rádio-mensagem de Natal de 1944 ao conceituar povo e massa parece que explicita esta indagação.
O povo vive e move-se por vida própria enquanto a massa é em si mesma inerte e não pode mover-se senão por ação de um elemento externo. No povo o cidadão sente em si mesmo a consciência da sua personalidade, dos seus deveres, dos seus direitos, da sua liberdade conjugada com o respeito à liberdade e dignidade do próximo. O cidadão enxerga as desigualdades, decorrentes não do arbítrio, mas da própria natureza das coisas, desigualdades de cultura, de haveres, de posição social. A massa pode ser agitada como o mar revolto e é fácil presa da demagogia revolucionária, joguete nas mãos de quem quer que lhe explore os instintos e as impressões, pronta a seguir, sucessivamente, hoje esta, amanhã aquela bandeira. A massa pode ser manejada e utilizada, e disto pode também servir-se o Estado. Assim, o próprio Estado pode, com o apoio da massa reduzida a não ser mais do que uma simples máquina, impor o seu arbítrio à parte melhor do verdadeiro povo.
Isto explica porque na propaganda política e eleitoral o Estado impôs o seu candidato (a). A indiferença diante de programas televisivos, das telenovelas e dos Reality Shows, reflete também o estado da opinião católica. A Hierarquia se cala, silenciando seu dever de ensinar. E a massa humana (de católicos) vai sendo conduzida por um agente externo para um fim que ela desconhece. Mas o gigante tem pés de barro. Quando a massa se mostra desorientada, a ponto de seguir os passos que a mídia lhe indica, como agente externo que a modifica, desvinculada de valores morais e religiosos, a ação da Igreja deve se fazer sentir para conduzir esta massa a um reto caminho. “Vós sois o sal da terra” ou, “Vós sois a luz do mundo”, diz o próprio Nosso Senhor Jesus Cristo no Sermão da Montanha. O sal que não salga não serve para nada. E a luz que não brilha, porque se esconde debaixo do alqueire e não se expõe à opinião pública, também não ilumina.